quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Cuidemos do nosso patrimônio

   Na tentativa de “modernizar” a música nativista gaúcha, vêem-se verdadeiros absurdos quando se trata do assunto RITMOS. Não estou aqui defendendo um conservadorismo incoerente, desconectado com a evolução, a qual está presente em tudo, inclusive na arte musical. 
  Uma comparação oportuna: Lá em Bagé, há alguns anos, foi destruído o prédio histórico do Mercado Público Municipal, para dar lugar à construção de um “moderno” hotel. Um prédio feio, sem graça, que hoje ocupa o lugar do que seria um dos 3 ou 4 mercados públicos construídos no RS. Tudo pela evolução ambiciosa, oportunismo e pseudo-modernismo. 
   Na música não é diferente. Quando tratamos de música étnica, folclore, regionalismo ou outro termo que qualifique a arte musical típica de um povo ou região, mexemos com elementos que são imprescindíveis, ingredientes fundamentais para que haja fidelidade ao que está sendo proposto, no nosso caso, musicalmente.
   Creio que haja 2 pilares que formam o nosso patrimônio maior na arte poético-musical gauchesca. Um deles é a poesia, a palavra, a expressão cantada com todos os termos peculiares do nosso lugar e seus caracteres típicos. O outro são os ritmos musicais
  Temos uma variedade de quase 20 ritmos musicais em pleno uso na música gaúcha, das mais variadas procedências, que hoje habitam o nosso cancioneiro de forma efetiva. Quem é de fora e começa a conhecer nossa arte musical se surpreende com isso! 
   O item RITMO é a última coisa a ser mexida quando se está criando ou recriando um tema musical. Estilização rítmica com intenção clara de “modernização” nunca deu em nada. Basta vermos a história da música gauchesca. Tivemos, há 15 anos atrás o movimento “Tchê Music”, que transformava alguns ritmos gaúchos e dava uma roupagem mais “pop” à música gaúcha, uma tentativa frustrada de fazer com que a nossa música “atingisse o Brasil”. Não se criou.


   Penso que podemos mexer em vários outros fatores que compõem a estrutura musical: andamento, tonalidade, aspecto harmônico etc., mas nunca mudar a célula rítmica porque ai estaremos alterando a essência e derrubando o alicerce do nosso patrimônio, tal qual fizeram com o prédio lá em Bagé.